segunda-feira, 23 de julho de 2012

SUITON



Enquanto nos tempos de hoje, falamos ou reclamamos que a carne, a massa ou seja lá qualquer prato, está fora do ponto e torna-se um motivo para uma enorme discussão, os japoneses que passaram a fase adolescente e adulta durante a 2º Guerra Mundial, jamais esquecem da única comida que existia e era racionada. O SUITON.

A aparição desse prato pode-se dizer que foi a base de toda a culinária de sopas no país , registrados em documentos que datam o século XIII. Foi nesse prato que começaram a fazer o caldo-base, o Dashi com lascas de bonito e alga Kombu. Feito os bolinhos pequenos de farinha e legumes cozidos, um prato bem simples e aconchegante que lembra o Dangoiru.

Porém a sopa ganhou um forte destaque no pós guerra, quando o Imperador declarou a derrota do Japão em cadeia nacional, o país com a já falta de alimentos sofria de abastecimento violento. Tudo que se conseguia comer, eles comiam. Uma ilha que já não tem muito recurso, roubar era a sobrevivência.

O Suiton, um prato simples e gostoso passou a ser sinônimo de comida miserável. Também todos os condimentos e ingredientes não existiam mais. Katsuobushi? Alga? Misso? Nem Sal tinha. Improvisavam como podiam e racionavam. A farinha que não tinha um uso tão amplo como hoje, eram diluído na água para fazer os bolinhos. O caldo? Só água quente. Regiões bem próximo ao litoral, temperavam com a água do mar. 

(Suiton. O prato do centro, na fileira de baixo.)

Os legumes foram substituídos por “folhas” de batata-doce, cascas de abóbora e bardana, itens que eram descartados sem dó. Pouco óleo ou querosene que tinha para fazer fogo, os bolinhos não ficavam tão cozidos, o que deixava o caldo todo melado.

Mas para o povo que estava em uma situação pior que a de um mendigo, era um prato super bem vindo.

Então mesmo nos tempos de hoje, restaurantes servem nesse mesmo molde (claro bem diferente da época e muito mais saboroso) no SHUUSEN KINEMBI ou “Dia que acabou a Guerra”, para que o povo nunca se esqueça do sofrimento que passaram e que não se repita mais.

A gastronomia não é apenas a arte da culinária, mas um complemento da história, o que o sake também tem a sua participação. Pilotos Kamikazes no convés dos porta-aviões, tiravam a foto com o esquadrão, tomavam um gole de sake e partiam para a morte.

Devemos refletir e muito a nossa cultura alimentar. Não só rever o que a história nos mostra, mas o que podemos fazer daqui para frente. Só as pessoas em zona de conflito devem valorizar a comida?



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