(Dangojiru)
Em 1991, quando passei pela Província de Oita, norte da Ilha de Kyushu, sul do Japão, no inverno do cacete, eu mais parecia estar tendo um mal de Parkinson por todo o corpo de tão frio que estava. Na teoria, a parte sul do país, não é tão gelado mas e o vento?
Eu e mais 20 jovens na delegação de intercâmbio entre escolas, lá estávamos no irônico “frio dos infernos”. Se bem que o inferno tem a ver com a região, pois famosa pelas termas e de acordo com a nossa programação, seguíamos a caminho do Hotel Suguinoi na cidade de Beppu.
Um complexo imenso de termas naturais de diferentes estilos e ambientes, nós com a idade média de 16 anos, claro que fomos ao “Onsen Park”, um parque aquático de termas. Bom de 16 anos, caímos para uns 10 pois os estresse da viagem e de estar longe dos olhos da chefe da delegação foi um dos momentos mais divertidos e relaxantes. Agora vai uma dica. Não desça o tobogã de pernas abertas, pois lá em baixo não é água comum, mas quente de 40 graus. Saí com os meus ovos cozidos e o meu (CENSURADO) ardendo!!!
(Hotei Suguinoi Beppu - Oita, Japão)
E depois dessa zona que aprontamos fomos jantar. Além das termas e o parque, há restaurantes, bares, izakayas, lanchonete, shushi-yás, de tudo!! E como de costume, cada um podia escolher o que comer bastando obedecer o horário de retorno ao saguão.
E fui com mais meia-dúzia, comer algo quente. Lendo o cardápio e entendendo porra nenhuma, só consegui deduzir um prato que era: DANGOJIRU. Bom, sei que “Dango” é um bolinho cozido de farinha de trigo e amido. “Jiru” ou “Shiru” é o caldo. Deve ser uns bolinhos num caldo de peixe, já que tudo no Japão é de peixe. Eu pedi isso, pois o resto não sabia o que era.
Olhando a paisagem externa branca de fazer um cadáver sentir frio, até que foi rápido a chegada do prato. Numa tigela grande, legumes como cenoura, bardana fatiada, cebolinha, massa de peixe e shitake. Agora será que os bolinhos estão no fundo? Botei o hashi para a resgatar os Dangos, mas o que apareceu foram “pranchas” de uma massa branca. E comi. Meu, que sensacional. Por fora parecia resinado de tão brilhoso que estava. Macio e quente, absorvera o caldo que era a base de porco e misso (pasta de soja).
Eu que sempre fui carnívoro, mesmo não tendo carne, repeti a sopa. Sabe pratos que você come várias vezes, não pesa e é saudável? Isso sem falar, que depois de nos encontrarmos no saguão, era o único que estava de camiseta, de tanto calor que sentia e suando.
O DANGOJIRU, além do caldo de porco, pode ser substituído por Baiacú (Chouja-jiru) ou por caldo de frango (Yoshino-jiru)
Há um outro prato derivado do Dangojiru, que é o YASEUMA. A história volta à Era Heian onde era muito comum, famílias adotarem crianças igual aos moldes de hoje. E uma delas, uma moça de família nobre chamada de YASE, fez um lanche para o filho adotivo usando o mesmo bolinho de farinha e amido, achatando e cozindo. Só que ao invés de sopa, polvilhou Kinako e Açúcar. KINAKO, nada mais é a Soja em pó sem a casca e levemente refogada resultando num aroma doce e bastante agradável. (Adoro)
(Yaseuma)
Então o moleque adorou o lanche, mas adorou tanto que mesmo não sabendo o nome que havia comido, pedia a mesma coisa todos os dias dizendo:
“YASE, ano UMAIno tabetai” ou “YASE, quero comer aquele doce GOSTOSO”
E resultou no nome YASEUMA, já que UMAI, quer dizer gostoso. Agora não me traduzam ao pé da letra, se não fica “YASE GOSTOSA”. Olha o respeito com a mãe!!!!
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