domingo, 22 de julho de 2012

Dangojiru


(Dangojiru)

Em 1991, quando passei pela Província de Oita, norte da Ilha de Kyushu, sul do Japão, no inverno do cacete, eu mais parecia estar tendo um mal de Parkinson por todo o corpo de tão frio que estava. Na teoria, a parte sul do país, não é tão gelado mas e o vento? 

Eu e mais 20 jovens na delegação de intercâmbio entre escolas, lá estávamos no irônico “frio dos infernos”. Se bem que o inferno tem a ver com a região, pois famosa pelas termas e de acordo com a nossa programação, seguíamos a caminho do Hotel Suguinoi na cidade de Beppu.

Um complexo imenso de termas naturais de diferentes estilos e ambientes, nós com a idade média de 16 anos, claro que fomos ao “Onsen Park”, um parque aquático de termas. Bom de 16 anos, caímos para uns 10 pois os estresse da viagem e de estar longe dos olhos da chefe da delegação foi um dos momentos mais divertidos e relaxantes. Agora vai uma dica. Não desça o tobogã de pernas abertas, pois lá em baixo não é água comum, mas quente de 40 graus. Saí com os meus ovos cozidos e o meu (CENSURADO) ardendo!!! 

(Hotei Suguinoi Beppu - Oita, Japão)

E depois dessa zona que aprontamos fomos jantar. Além das termas e o parque, há restaurantes, bares, izakayas, lanchonete, shushi-yás, de tudo!! E como de costume, cada um podia escolher o que comer bastando obedecer o horário de retorno ao saguão.

E fui com mais meia-dúzia, comer algo quente. Lendo o cardápio e entendendo porra nenhuma, só consegui deduzir um prato que era: DANGOJIRU. Bom, sei que “Dango” é um bolinho cozido de farinha de trigo e amido. “Jiru” ou “Shiru” é o caldo. Deve ser uns bolinhos num caldo de peixe, já que tudo no Japão é de peixe. Eu pedi isso, pois o resto não sabia o que era.

Olhando a paisagem externa branca de fazer um cadáver sentir frio, até que foi rápido a chegada do prato. Numa tigela grande, legumes como cenoura, bardana fatiada, cebolinha, massa de peixe e shitake. Agora será que os bolinhos estão no fundo? Botei o hashi para a resgatar os Dangos, mas o que apareceu foram “pranchas” de uma massa branca. E comi. Meu, que sensacional. Por fora parecia resinado de tão brilhoso que estava. Macio e quente, absorvera o caldo que era a base de porco e misso (pasta de soja). 
Eu que sempre fui carnívoro, mesmo não tendo carne, repeti a sopa. Sabe pratos que você come várias vezes, não pesa e é saudável? Isso sem falar, que depois de nos encontrarmos no saguão, era o único que estava de camiseta, de tanto calor que sentia e suando.

O DANGOJIRU, além do caldo de porco, pode ser substituído por Baiacú (Chouja-jiru) ou por caldo de frango (Yoshino-jiru)

Há um outro prato derivado do Dangojiru, que é o YASEUMA. A história volta à Era Heian onde era muito comum, famílias adotarem crianças igual aos moldes de hoje. E uma delas, uma moça de família nobre chamada de YASE, fez um lanche para o filho adotivo usando o mesmo bolinho de farinha e amido, achatando e cozindo. Só que ao invés de sopa, polvilhou Kinako e Açúcar. KINAKO, nada mais é a Soja em pó sem a casca e levemente refogada resultando num aroma doce e bastante agradável. (Adoro)

(Yaseuma)

Então o moleque adorou o lanche, mas adorou tanto que mesmo não sabendo o nome que havia comido, pedia a mesma coisa todos os dias dizendo:

“YASE, ano UMAIno tabetai” ou “YASE, quero comer aquele doce GOSTOSO”

E resultou no nome YASEUMA, já que UMAI, quer dizer gostoso. Agora não me traduzam ao pé da letra, se não fica “YASE GOSTOSA”. Olha o respeito com a mãe!!!!


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