sexta-feira, 13 de julho de 2012

Nagasaki Champon





A última vez que visitei Nagasaki, foi quando o vulcão Unzen estava em plena atividade e pensei igual ao JB (@botecodojb): “PEGA EU!!” Apesar dos constantes alarmes e as tropas da Força de Auto-Defesa Terrestre correndo com suas viaturas pelas ruas, eu precisava comer. E comer, tem que comer bem.

E mesmo com todo esse agito, avistei uma casa bem simples (para não dizer caindo aos pedaços), uma casa de CHAMPON. Uma fonética que lembra o chinês, resolvi entrar. E claro só eu de cliente. Os únicos dois que estavam para me atender, um casal de senhores ambos com capacete amarelo e jaleco, me deram boas vindas com o tradicional copo de água com gelo. 

Pedi um Champon e fiquei apenas vislumbrando a paisagem externa. Pessoas a um ponto de correrem desesperadamente, viaturas da polícia e jipes acelerando, só faltava um Godzilla destruindo tudo. No que percebo o som de refogado e um delicioso aroma de óleo de gergelim, olhei de volta para a parte interna do balcão e vejo o senhor ainda de capacete, colocando vários ingredientes como cubos de peixes, carnes desfiados, acelga, moyashi (broto de feijão), camarão, shitake e mais alguns ingredientes que não conseguia enxergar de tão rápido, que o velho virava o panelão de um cabo (sei lá o nome disso).

O cheiro estava espetacular. E depois que desligou o fogo, largou a panela no fogão. Estende o esquelético braço para acima da estante e pega uma tigela, quase um ofurô para um yorkshire. Voltando para o fogão, mas da outra panela, agora a senhora (de capacete), puxa a tampa e com uma concha de refeitório militar, pega o oleoso caldo e jorra na tigela-ofurô. Enquanto que o velho, da peneira metálica traz um punhadão de macarrão grosso e coloca na tigela. O mais engraçado, é o sincronismo dos dois. Se eu perguntasse as horas, acabariam derrubando tudo. 

Bom, para finalizar, da panela de um cabo, o velho seleciona ingrediente por ingrediente para a montagem em cima do macarrãozão. De acordo com o tamanho e cor, o gran finalle foram fios grossos de omelete. 

- Então - olhei para o casal. - Isso tudo é para mim?

Era isso mesmo. O Champon é um ensopado que migrou da China através de Nagasaki, a porta de entrada dos estrangeiros. E como na época uma porrada de estudantes e bolsistas da China estavam visitando o Japão e sem muito dinheiro no bolso, pediam aos japoneses, se não podiam incluir mais itens nos lámens e se não havia um macarrão mais encorpado (literalmente). 

Daí veio a sugestão de trocar pelo macarrão chinês, colocando mais coisas para dentro da tigela, mais tempero no caldo, pois o do lámen era a base de misso ou shoyu. Criaram uma nova espécie de prato, alimentando os chineses famintos. Até o caldo mexeram. Agora a base de ossos de galinha e porco. E o nome Champon é o derivado de “Campur” ou “Champuru”, que na língua indonésio significa “Misturar”.

O mesmo termo é usado também para apontar uma bagunça generalizada, ou “suruba” em nosso país. HAHAHAHAHAHAHAHAHA “Aí, que porra de Champon é essa aqui???” 





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